O maior iceberg do mundo, conhecido como A-23a, está se desfazendo rapidamente, como mostram novas imagens de satélite. Após dois anos flutuando nos mares, a gigantesca formação de gelo começa a se fragmentar em milhares de pedaços. Este fenômeno, de acordo com a NASA, lembra um céu estrelado e pode indicar o fim de uma jornada que já dura quase quarenta anos.
O iceberg A-23a destacou-se da plataforma de gelo Filchner, na Antártida, em 1986, e desde então permaneceu quase estático, preso ao leito marinho ao sul do Mar de Weddell. Durante décadas, permaneceu como uma sombra congelada da plataforma que o originou. Em 2023, no entanto, ele começou a se mover novamente.
O trajeto do A-23a foi atípico em comparação à maioria dos icebergs. Em vez de seguir a rota tradicional do “beco dos icebergs”, que leva ao Atlântico Sul, ele adotou um movimento circular, conhecido como “coluna de Taylor”. Entre março e novembro de 2024, o A-23a deu 15 voltas.
Jan Lieser, do Serviço Meteorológico da Antártida, comentou sobre o comportamento único do iceberg. Contudo, em novembro, o A-23a saiu desse padrão de giros. Suspeita-se que mudanças nas correntes oceânicas alteraram seu curso.
Após sair do movimento circular, o iceberg acelerou. Em apenas um mês, cobriu uma distância de aproximadamente 240 km, uma raridade em tais deslocamentos. No início de 2025, aproximou-se da Ilha Geórgia do Sul, um santuário para pinguins e outras espécies.
Iceberg perde pedaços rapidamente mesmo imóvel
Ao chegar na nova localização, o iceberg parou. Os especialistas acreditam que ele encalhou em águas rasas, algo que já aconteceu com outros icebergs. Mesmo sem se mover, o A-23a começou a perder pedaços rapidamente, devido às águas mais temperadas.
Entre 6 de março e 3 de maio de 2025, ele perdeu mais de 360 km² de gelo – uma área superior à cidade de Curitiba, no Paraná. Esse derretimento foi confirmado por imagens e registros do Centro Nacional de Gelo dos EUA.
Segundo a NASA, partes do iceberg estão se soltando em grandes blocos ao longo da borda norte, resultado de dias ensolarados. Este sinaliza que o A-23a está em sua fase final. Apesar de ainda manter sua forma, está encolhendo de fora para dentro.
Em 16 de maio, ele ainda era o maior iceberg do mundo, mas apenas 29 km² maior que o D-15A. Com esse ritmo de derretimento, o A-23a deve perder o título em breve. Seu fim, de acordo com a NASA, parece inevitável.